Maria IêdaSolidariedade

Solidariedade às vítimas do Grande Recife

Pelo menos 128 pessoas morreram e mais de 70 mil ficaram sem casa no Grande Recife depois das fortes chuvas do fim de maio, a maior tragédia deste século em Pernambuco. O episódio escancara a violência do Estado e do Capital contra pessoas negras e pobres, em meio a uma catástrofe climática mundial.

A tragédia na região acontece em um contexto internacional de eventos cada vez mais extremos. Relatório divulgado ano passado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, aponta Recife entre as cidades mais impactadas pela crise climática no mundo, provocada pela queima de combustíveis fósseis e a destruição de florestas, por exemplo, ações tomadas pelos grandes capitalistas que destroem o futuro do planeta enquanto ficam mais ricos.

A esse cenário se soma a responsabilidade dos governos na falta de solução de graves problemas sociais e ambientais no Grande Recife. Segundo o IBGE, dois em cada três moradores estão em locais de baixa ou baixíssima condição de vida. Só na capital pernambucana são mais de 200 mil pessoas em áreas de risco. São famílias de trabalhadores que vivem entre o desemprego e empregos precários, e não têm alternativa a não ser morarem em locais sem condições mínimas. Esse problema se agrava com as políticas de pavimentação indiscriminada, além da falta de obras para escoamento de água, para a segurança dos morros e construção de moradias populares para retirar as pessoas das áreas de mais risco. O Estado, assim, é agente direto do racismo ambiental, que marginaliza, desaloja e mata trabalhadores pobres e negros que vivem em situação mais precária.

O Brasil vem sendo fortemente impactado pelos eventos extremos. Somente neste ano, as chuvas causaram destruição e morte em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e agora Pernambuco. A catástrofe ambiental já é realidade, e isso mostra a urgência da destruição do sistema capitalista.

Nós da CAB manifestamos solidariedade às vítimas dessa tragédia em Pernambuco, e seguimos lutando no caminho da ruptura com esse sistema e da construção de uma sociedade que coloque as vidas humanas e não-humanas em primeiro plano, verdadeiramente libertária e ecológica!

Coordenação Anarquista Brasileira
Junho de 2022