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Opinião Anarquista: ESMAGAR O FASCISMO!

ESMAGAR O FASCISMO!

Vencer o golpismo nas ruas com luta e organização.

     O texto a seguir é uma análise de conjuntura escrita pela CAB em janeiro de 2023. A militância da CAB a distribuiu amplamente em panfletos durante os atos contra a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro, arquitetada por Bolsonaro e sua cúpula fascista.

     Nesse domingo, dia 08 de Janeiro, evidenciou-se o nível de compromisso que a base bolsonarista manifesta com seus ideais posicionados à extrema-direita. Financiados por setores do agronegócio e também da burguesia nacional, o bolsonarismo organizado levou algumas milhares de pessoas à Brasília com o objetivo de invadir o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. 
    
   A articulação do movimento bolsonarista é muito anterior às recentes ações que manifestam sua força e organização há vários meses, através da organização dos bloqueios nas estradas em todo o país, radicalização e uso da violência em Brasília durante a diplomação do atual presidente Lula, bem como acampamentos em frente a  quartéis. 
    
   Esse ataque aos três poderes da República manifestam um dos pilares do bolsonarismo: a ideia antissistêmica que está presente na ascensão e consolidação de diversos movimentos fascistas ao longo da história. A resposta da esquerda institucional é a defesa das instituições e da democracia burguesa.
    
   Por outro lado, nós, Anarquistas Especifistas, defendemos e atuamos para que o fascismo seja esmagado, porém não defendemos a institucionalidade como resposta à ascensão da extrema-direita. É necessário lembrar a quem os três poderes servem e sempre serviram: aos megaempresários, ao latifúndio, aos bilionários, aos banqueiros – ou seja, aos senhores do capitalismo, à classe dominante, à burguesia, aos de cima. 
    
    Somos nós, as de baixo, que temos nossas vidas arruinadas cotidianamente pela aplicação de leis que geram o encarceramento em massa do povo preto e pobre.  Somos nós, em nossas comunidades, favelas e vila, as que são assassinadas deliberadamente ou “por engano” Pela repressão do Estado em uma suposta “guerra às drogas” que é evidentemente uma guerra aos pretos e pobres.
    
     Somos nós as que perdem direitos trabalhistas e previdenciários, que temos nossa Educação e Saúde sucateadas, inviabilizando uma vida digna, tudo isso acobertado e permitido por esse tal Legislativo que legisla pela nossa morte.  Somos nós as que não têm moradia acessível e, então, nos vemos sem outra saída a não ser ocupar terrenos e construções, vivendo sem saneamento básico, para encontrar apenas as balas de borracha (quando não as letais), as bombas de gás lacrimogêneo e pimenta, com o objetivo de nos expulsar de nossas casas construídas com tanto suor do nosso trabalho precário. 
    
       É dentro da legalidade dos três poderes que vemos as mães pretas e indígenas chorando seus filhos assassinados pela PM enquanto nada (ou muito pouco) acontece com os responsáveis. É dentro da legalidade que os movimentos populares que lutam por direitos para os povos oprimidos são duramente reprimidos e criminalizados pelas forças policiais e militares. Que vemos nosso trabalho sofrendo as consequências da uberização e da Reforma Trabalhista. 
    
     É dentro da legalidade que a Educação Pública é massacrada, com um currículo cada vez mais reacionário e voltado para as necessidades do neoliberalismo; com profissionais mal pagos, enquanto povos indígenas e quilombolas, trabalhadores camponeses são expulsos do campo e das florestas.
    
    Enquanto isso, a lei permite o enriquecimento dos megaempresários do ramo da Educação Privada, que se alimenta da venda de ensino à distância, bem como de programas como o PROUNI e FIES, regados a recursos que poderiam ser investidos no Ensino Público. É dentro da legalidade que o SUS é sucateado e o povo enfrenta filas gigantescas para conseguir atendimento médico, enquanto os profissionais sofrem com atrasos de salário, falta de equipamentos básicos e número de trabalhadores muito menor do que o necessário.
    
    É dentro da legalidade que os bancos tomam casas de trabalhadores e que nadam em dinheiro enquanto nosso povo padece se endividando para fazer compras básicas e se alimentar diante da fome que assola o país.
    
    A resposta Anarquista é de fortalecimento aos movimentos sociais autônomos e combativos, que almejam a destruição do capitalismo e uma verdadeira soberania popular, de um povo que tome as rédeas de sua própria vida e governe a si mesmo. Defendemos, portanto, a autodefesa popular e coletiva, bem como o enraizamento do antifascismo, rompendo com a imobilização e institucionalização da luta. 
    
    Não abandonaremos as ruas, as comunidades, as favelas, os becos e vielas, as escolas, os hospitais, os chãos das fábricas. E é no cotidiano que nossa luta se expressa, buscando melhores condições de vida e de trabalho e apontando que a revolução socialista é a única forma de consolidar dignidade em vida para os povos oprimidos e explorados pelo capitalismo. 
    
    A nossa resposta é de retomar nossas táticas de luta historicamente desenvolvidas e aplicadas pelos movimentos combativos e radicais que ocupam prédios públicos, realizam bloqueios com barricadas em chamas e protestos massivos. Porém, em oposição aos bolsonaristas, nossas pautas visam conquistar direitos e dignidade de vida para o nosso povo. 
    
    Queremos esmagar o fascismo e faremos isso com luta popular cotidiana, dialogando sobre nossa visão que também é antissistema, mas o nosso projeto é socialista e libertário, de Poder Popular e  de abolição do Estado, com autogestão em todos os locais de moradia, trabalho e estudo.

Janeiro de 2023

Confira o vídeo feito pelo Coletivo Anarquista Luta de Classe com a leitura dessa nota: