CALC

[CALC] Não vão nos calar! A criminalização do protesto negro em Curitiba

Em 05/02/22, manifestantes se reuniram em frente a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em Curitiba, em mais um protesto contra o racismo. Tratava-se do ato por Justiça para Moïse Kabagambe, jovem congolês brutalmente assassinado no RJ. Na capital paranaense, o ato também foi marcado pelos pedidos de justiça para Durval Teófilo, trabalhador negro assassinado por ser “confundido” com um ladrão.
Além disso, a manifestação exigia o fim do genocídio do povo negro e fazia uma denúncia ao racismo estrutural.

A escolha da igreja é significativa, por ser um local histórico e simbólico para o povo negro da cidade, construído em 1737 por e para pessoas negras que eram impedidas de frequentar os mesmos espaços que os brancos.

Durante o ato, o diácono responsável pela missa começou a expulsar manifestantes, de forma desrespeitosa e sem demonstrar qualquer interesse na dor e nas reivindicações expressas pelas falas, bem como pelo histórico da igreja.

Com isso, manifestantes entraram no local. A celebração já havia sido encerrada e foram poucos minutos dentro da igreja – o suficiente para que diversos setores da direita passassem a difamar e pedir a criminalização do protesto. Os vereadores Renato Freitas (PT) e Carol Dartora (PT), presentes na manifestação, têm sido alvo de inúmeros ataques racistas nas redes sociais.

Em nota oficial, o próprio PT-Curitiba preferiu prestar solidariedade ao Arcebispo, demonstrando, mais uma vez, de que lado está quando se trata do genocídio do povo negro.

Os mesmos setores que se calam perante o racismo, a xenofobia, a brutalidade policial, se refastelaram em críticas a manifestação.

Cristãos que não fizeram qualquer menção a bizarra bênção de armas realizada nos novos e letais armamentos da Guarda Municipal de Curitiba, ou aos recorrentes casos de racismo religioso contra templos de religiões de matriz africana, agora acusam a manifestação por intolerância religiosa.

Não apenas setores da direita tiveram tais posições. Figuras e direções ditas “progressistas” também fizeram coro com o fascismo e o fundamentalismo religioso, mostrando o quanto a luta negra só lhes serve enquanto agenda eleitoral.

Enquanto anarquistas organizades atuantes em movimentos sociais e nas lutas populares, manifestamos irrestrita solidariedade a todas as pessoas que vêm sendo alvo de ataques por conta da justa manifestação, que escancara mais uma vez o racismo e a brutalidade das classes dominantes.

Contra o genocídio do povo negro, nem um passo atrás!

Justiça para Moïse Kabagambe e Durval Teofilo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *