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52 anos das Revoltas de Stonewall: Igualdade e liberdade não se discutem!

Declaração anarquista internacional sobre o 52º aniversário das Revoltas de Stonewall

Em 28 de Junho de 1969, a polícia chegou ao Stonewall Inn, em Nova Iorque. Este bar é conhecido nas comunidades gay, lésbica, bi e trans por acolher até as pessoas mais marginalizadas. Como de costume, a polícia estraga a festa. Mas a resposta não demorou para chegar: vários milhares de pessoas – gays, transexuais e drags – confrontaram a polícia durante toda a noite. Nesse mesmo dia e durante cinco noites depois disso, toda uma comunidade se levantou contra a injustiça e a crueldade policial.

Marchas do orgulho, tal como existem agora em muitas cidades do mundo todos os meses de junho, comemoram as revoltas de Stonewall e contribuem para defender os direitos de todas as pessoas que não se enquadram nos estreitos limites da cis-heterossexualidade que os reacionários gostariam de impor como norma universal.

Infelizmente, lembramos também este ano o 5º aniversário do ataque de Orlando, um tiroteio em massa homofóbico, transfóbico e racista que tirou a vida de 49 pessoas e deixou 59 feridos nos Estados Unidos. A luta está longe de terminar, uma vez que a violência contra a população queer aumenta em muitos países. A luta contra a queerfobia é a luta contra a violência em massa. É uma necessidade!

A homofobia é um trampolim para o fascismo

Nos melhores casos, os governantes só fingem prevenir tal violência quando não estão, como em países como a Rússia, Hungria e outros, a reforçar ativamente a repressão legal sobre as pessoas queer. Na Turquia, o fascista Erdoğan proibiu todas as ações do movimento LGBTIAQ+. Um pequeno piquenique acabou por ser duramente agredido pela polícia. Noutros países, os ativistas de extrema-direita e vândalos fazem o trabalho sujo por eles. Na França, por exemplo, cerca de 80 fascistas atacaram a Marcha Dyke em Lyon, que havia se reunido em abril pelo orgulho lésbico e pelo direito de acesso à Tecnologia Reprodutiva Assistida. Enquanto isso, no Brasil, Bolsonaro e seus seguidores têm atacado verbalmente pessoas dissidentes sexuais e de gênero, incentivando ataques de pessoas comuns e grupos de ódio contra esta população. O país que diariamente mata mais pessoas trans do que em qualquer outro lugar do mundo, tem um presidente que abraça e incentiva a violência homofóbica e transfóbica. Neste mês de junho, uma mulher trans de 40 anos foi queimada viva no centro de Recife, Pernambuco, um crime horrível que enfrentamos todos os dias. Estes ataques são alguns dos muitos atos de ideologia homofóbica e transfóbica, um trampolim para o nacionalismo e o fascismo.

As pessoas pobres sofrem ainda mais

Embora a homofobia, a transfobia e os crimes de ódio atinjam toda a comunidade LGBTIAQ+, devemos salientar que são as pessoas dissidentes das camadas mais pobres que se encontram na pior situação. Neste sentido, podemos salientar que a discriminação e a consequente exclusão ainda hoje gera muitas dificuldades no acesso à educação, aos cuidados de saúde e boas condições de emprego. Além disso, a brutalidade da violência sexista tem um impacto sobre um grande número de transfeminicídios e violência centrada na comunidade queer. Olhando cuidadosamente para as estatísticas, especialmente na América Latina, a maioria das vítimas de crimes de ódio pertencem aos setores mais pobres, que estão mais expostos à prostituição, abuso de drogas, perseguição policial, trabalho informal, etc. Também podemos ver como a discriminação racista desempenha um papel importante. Pessoas negras, indígenas ou comunidades de cor são diariamente sujeitas a uma opressão ainda maior. A propósito, são muitas vezes forçadas ao exílio e a viverem numa espécie de dupla clandestinidade nas sociedades onde depois se estabelecem.

A luta contra a queerfobia faz parte da luta anarquista

Defendemos o direito das pessoas queer tanto quanto de todas a mudarem-se e estabelecerem-se onde quiserem, mas como uma coordenação internacional, afirmamos também que combater eficazmente a queerfobia não se resume a belos discursos progressistas. É uma longa e diária luta pela igualdade de direitos e contra todas as ações, comentários e comportamentos homofóbicos e transfóbicos. Especificamente, temos de continuar a luta contra a opressão sistêmica das pessoas queer que se manifesta no sistema de saúde, na educação e em tantos outros lugares. Mais amplamente, temos de lutar contra todas as opressões, a fim de desenvolver uma verdadeira solidariedade contra os opressores.

☆ Alternativa Libertaria/ Federazione dei Comunisti Anarchici (AL/FdCA) – Itália
☆ Anarchist Communist Group (ACG) – Grã-Bretanha
☆ Αναρχική Ομοσπονδία – Anarchist Federation – Grécia
☆ Aotearoa Workers Solidarity Movement (AWSM) – Aotearoa/Nova Zelândia
☆ Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) – Brasil
☆ Devrimci Anarşist Federasyon – Turquia
☆ Die Plattform – Anarchakommunistische Organisation – Alemanha
☆ Embat – Organització Llibertària de Catalunya – Catalunha
☆ Federación Anarquista de Rosario (FAR) – Argentina
☆ Federación Anarquista Uruguaya (FAU) – Uruguai
☆ Grupo Libertario Vía Libre – Colômbia
☆ Libertäre Aktion – Suíça
☆ Melbourne Anarchist Communist Group (MACG) – Austrália
☆ Organisation Socialiste Libertaire – Suíça
☆ Organización Anarquista de Córdoba (OAC) – Argentina
☆ Organización Anarquista de Tucumán (OAT) – Argentina
☆ Roja y Negra – Organización Política Anarquista – Argentina
☆ Tekoşina Anarşist – Rojava
☆ Union Communiste Libertaire – França e Bélgica
☆ Zabalaza Anarchist Communist Front (ZACF) – África do Sul

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