Memória

Buenaventura Durruti – 124 anos

Nasceu em 14 de julho de 1896 e começou a trabalhar como aprendiz aos catorze anos numa oficina mecânica. Posteriormente, trabalhou como mecânico montador numa ferrovia em León. Envolveu-se com as greves ferroviárias em 1917 e a partir do contato com a seção da CNT em Leon, ingressou nesta histórica central anarcossindicalista. Demitido por sua agitação grevista, fixou-se em Gijon, no norte da Espanha, onde conheceu e se aprofundou na ideologia anarquista. Logo depois dessa breve estadia, exilou-se na França, pois não conseguia trabalho e tinha se recusado ao serviço militar obrigatório. Na França foi influenciado por Sébastien Faure, Louis Leccoin e Emile Cottin, que se tornaram seus amigos.

Ao retornar a Espanha, começou a trabalhar como mecânico em San Sebastián e ligou-se a um grupo anarquista intitulado “Los Justicieros”. Ao mudar-se para Barcelona em janeiro de 1922, deparou-se com uma atmosfera de pesada perseguição sindical e os pistoleiros contratados pelos patrões agindo contra os sindicalistas, e matando operários nas ruas. Criou assim o grupo “Los Solidários”, um grupo de ação direta armada que ligava-se ao Comitê Nacional Revolucionário, sediado em Barcelona. Em 1923 foi justiçado o cardeal Soldevila, membro do clero envolvido com os assassinatos de sindicalistas e operários.

Depois da prisão e morte de alguns membros dos Solidários, exilou-se novamente na França e, em 1924, Durruti parte para Cuba, junto de Ascaso, promovendo a agitação revolucionária. Passam por México, Peru, Chile, Argentina e Uruguai. Quando retornam para a França são presos e acusados de “complô contra o rei da Espanha, Alfonso XIII, que visitaria a capital francesa neste período. Uma campanha de solidariedade anarquista fez com que fossem libertados em 1927, mas quase nenhum país do mundo os aceitava em suas fronteiras. Permaneceu clandestino na França, onde conheceu o revolucionário Nestor Makhno. Foi preso novamente em solo francês, por seis meses. Passou pela Alemanha, tendo contato com Rudoplh Rocker e pela Bélgica, onde permaneceu até abril de 1931, junto a Ascaso.

Retorna à Espanha em 1931 e é considerado por todos os operários como uma grande referência política e sindical. Envolveu-se em inúmeros conflitos sociais entre 1931 e 1936, onde foi preso e deportado inúmeras vezes. Em meio a luta sindical aguerrida e diante o golpe fascista, Durruti inspirou e colaborou ativamente com o iminente processo revolucionário espanhol. Trabalhou para armar os operários diante a ação da extrema-direita e quando a Revolução de 1936 estourou, organizou a coluna Durruti-Farras, que contava com dez mil homens. Durruti era o delegado político da coluna e Farras o delegado militar.

Em todas as cidades e aldeias que a coluna Durruti-Farras passava, os fascistas eram expulsos à bala. Avançavam as coletividades agrícolas, a autogestão generalizada das fábricas e a auto-organização popular. Enquanto a coluna Durruti avançava, o governo republicano boicotava a luta popular e as milícias auto-organizadas dos trabalhadores.

Sua última participação na Revolução Espanhola foi na defesa militar de Madrid, onde participou ativamente nas batalhas contra os fascistas, de 14 de novembro até sua morte, no dia 19.

Após sua morte foi fundado o grupo Amigos de Durruti, reunindo militantes contrários à colaboração com o governo republicano, e favoráveis à realização imediata da revolução social, rompendo com a ordem burguesa e propondo uma Junta Revolucionária para coordenar melhor o processo revolucionário e a guerra. As posições hegemônicas dentro da CNT e da FAI porém irão manter-se recuadas e incapazes de impedir o golpe estalinista que terminaria por reprimir a revolução e assim causar a derrota frente ao fascismo.

Fonte: Abel Paz. Durruti: da revolta à revolução.

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